Bem- estar e Movimento

Bem- estar e Movimento

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017


Radiculopatia Cervical – O que é?


A Radiculopatia Cervical ocorre quando há compressão a nível da raiz de um nervo cervical. Esta compressão pode ser resultado de condições como: Hérnia do Disco, Espondilose, instabilidade, trauma e, muito raramente, tumores. A incidência desta patologia parece ter o seu pico na 4ª e 5ª décadas de vida. Alguns fatores de risco incluem: ser fumador, radiculopatia lombar prévia, levantar objetos pesados, jogar golfe, mergulhar, com frequência, de uma prancha e outros (Caridi et al., 2011; Iyer et al., 2016).


Coluna Cervical - Anatomia

A Medula Espinhal encontra-se dentro de um canal na Coluna Vertebral, o Canal Medular ou Vertebral. As raízes dos nervos espinhais estendem-se desde a Medula Espinhal e ramificam-se para locais específicos no braço. Podemos comparar a Medula Espinhal com uma árvore, sendo esta, o tronco, e os nervos espinhais, os ramos. No caso de ocorrer uma compressão ou pressão anormal na região dos ramos, perto do tronco, tudo ao longo do ramo será afetado (APTA, 2017). 

Medula Espinhal e raiz nervosa - Anatomia

Resumindo, quando os nervos espinhais são comprimidos, estes são incapazes de enviar corretamente mensagens aos músculos, assim como de receber informações sensitivas da região afetada. Um nervo comprimido na região do pescoço pode causar dor, fraqueza e perda de sensibilidade no braço. (Caridi et al., 2011; Iyer et al., 2016; APTA, 2017).



Radiculopatia Cervical – Quais os Sintomas?

Os sintomas de Radiculopatia Cervical variam dependendo da raiz nervosa envolvida; ocorrendo comummente no mesmo lado do corpo da raiz afetada. Os sintomas podem incluir: dor a nível do pescoço, ombro ou braço com a dor a irradiar, possivelmente, até aos dedos, seguindo o trajeto da raiz nervosa; dormências no trajeto da raiz afetada, fraqueza no ombro, braço ou mão (Caridi et al., 2011; Iyer et al., 2016). 

Radiculopatia Cervical – inervação local sensitiva de cada raiz nervosa cervical

De seguida, são apresentados, os sintomas específicos de acordo com a raiz nervosa afetada (Caridi et al., 2011; Iyer et al., 2016):







Radiculopatia Cervical – Que Intervenção?

A Fisioterapia é um tratamento efetivo em casos de Radiculopatia Cervical.

O Plano de Intervenção poderá incluir: Controlo da dor (por exemplo: colocar gelo nas 1ªs 24 a 48 horas após o início da dor, após este período poderá utilizar quente para relaxar os músculos da área); Terapia manual (por exemplo: tração cervical manual, realizar massagem suave dos músculos da região); Educação Postural (o Fisioterapeuta poderá aconselhar ajustes na área de trabalho que promovam uma postura correta e protetora do pescoço); Exercícios de Amplitude de Movimento (por exemplo: exercícios de mobilidade cervical suaves, exercícios de flexibilidade, tendo sempre em atenção que a dor não deve agravar com os exercícios!); Exercícios de Fortalecimento (fortalecer os músculos afetados incluindo, também, exercícios de estabilidade cervical); Treino Funcional (à medida que os sintomas melhoram, o Fisioterapeuta recomendará exercícios funcionais que ajudem, o paciente, no retorno ao trabalho, desporto ou atividades da vida diária treinando por exemplo, o alcançar, o puxar ou outros de acordo com as suas necessidades) (APTA, 2017; Langevin et al., 2012; Boyles et al., 2011; Thoomes, 2016; Halvorsen et al., 2016). 

A. Exercícios de Fortalecimento; B. Massagem

Alguns conselhos para a organização de um espaço de trabalho adequado


Radiculopatia Cervical – Pode ser Prevenida?

O Fisioterapeuta educará o paciente acerca das melhores maneiras de prevenir, a Radiculopatia Cervical, de voltar a ocorrer. Alguns conselhos poderão ser: a manutenção de uma postura correta (por exemplo: usar uma almofada de suporte cervical; estar numa posição adequada quando sentado no carro); a organização do espaço de trabalho por forma a diminuir as forças exercidas na coluna (por exemplo: utilizar auriculares quando fala ao telemóvel, ajustar o monitor para evitar rotações repetitivas com o pescoço ao longo do dia); a realização de exercício regular para manter a flexibilidade e força muscular na região do pescoço (podem também ser incluídos exercícios para o tronco superior, região média das costas e músculos do CORE) e a manutenção de um peso corporal saudável de forma a minimizar forças desnecessárias na coluna (APTA, 2017; Caridi et al., 2011; Iyer et al., 2016).

Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados pelo Fisioterapeuta. A. Exercícios de fortalecimento; B. Exercícios de alongamento.


Referências
Iyer, S., Kim, H. (2016). Cervical radiculopathy. Curr Rev Musculoskelet Med. 9:272–280.

Thoomes, E. (2016) Effectiveness of manual therapy for cervical radiculopathy, a review. Thoomes Chiropractic & Manual Therapies. 24:45.

Halvorsen, M., Falla, D., Gizzi, L., Harms-Ringdahl, K., Peolsson, A., Dedering, A. (2016). Short- and long-term effects of exercise on neck Muscle function in cervical radiculopathy: A randomized clinical trial. J Rehabil Med. 48: 696–704.

Langevin, P., Roy, J., Desmeules F. (2012). Cervical radiculopathy: study protocol of a randomised clinical trial evaluating the effect of mobilisations and exercises targeting the opening of intervertebral forâmen. BMC Musculoskelet Disord. 13:10. 

Boyles, R., Toy, P., Mellon, J. et al. (2011). Effectiveness of manual physical therapy in the treatment of cervical radiculopathy: a systems review. J Man Manip Ther.19(3):135–142.
Caridi, J., Pumberger, M., Hughes, A. (2011) Cervical radiculopathy: a review. HSS J. 7(3):265–272. 

Dmytriv, M., Rowland, K., Gavagan, T., Holub D. (2010). PT or cervical collar for cervical radiculopathy? J Fam Pract. 59(5):269–272.