Bem- estar e Movimento

Bem- estar e Movimento

quarta-feira, 29 de março de 2017

Quedas – O que são?
As quedas representam um dos maiores problemas clínicos em idosos com idade superior a 65 anos, afetando 30 a 40% dos que vivem em comunidade e 50% dos que vivem em lares/residências sénior (Gillespie et al., 2015; Barban et al., 2017).

As quedas podem ter sérias consequências como fraturas (cerca de 10% dos casos) ou lesões a nível da cabeça. Estas consequências poderão reduzir a mobilidade, independência e a qualidade de vida do indivíduo (Gillespie et al., 2015; Barban et al., 2007).

O risco de queda aumenta com o número de fatores de risco, ou seja, quanto mais fatores de risco maior o risco de queda. Os fatores de risco incluem:
- Quedas anteriores;
- Fraqueza muscular a nível das pernas;
- Problemas de equilíbrio e na marcha;
- Problemas visuais (cataratas e outros);
- Artrite;
- Depressão;
- Problemas cognitivos;
- Medicamentos psicotrópicos;
- Arritmia;
- Acasos no domicílio (tapetes/carpetes, líquidos derramados no chão, animais de estimação em redor dos pés) (Kim et al., 2017; APTA, 2017; Sherrington et al., 2008; Lord et al., 2010).






Quedas – Que Intervenção?
Se tem medo de cair ou se caiu recentemente, o Fisioterapeuta poderá realizar uma pequena avaliação do seu risco de queda. Esta avaliação poderá incluir:
- Revisão da história médica e dos medicamentos que toma;
- Avaliação das condições de segurança no domicílio;
- Medição do ritmo cardíaco e da tensão arterial;
- Avaliação da força muscular das pernas;
- Avaliação do equilíbrio.

Com base nos resultados da avaliação será feito um programa de exercícios para melhorar o equilíbrio e força muscular. Estudos científicos mostram que programas de exercícios, que incluam exercícios de fortalecimento e de equilíbrio, em casa ou em grupo, reduzem as quedas e o risco de queda (Gillespie et al., 2015; Kim et al., 2017; APTA, 2017; El-Khoury et al., 2015; Sherrington et al., 2008).

Resumidamente, o programa poderá incluir:
- Treino de equilíbrio (exercícios que desafiam a capacidade para manter o equilíbrio incluindo, por exemplo, exercícios em apoio sobre um pé e outros);
- Andar com supervisão (pessoas que andam mais lentamente ou são mais instáveis apresentam maior risco de queda; poderão ser recomendadas atividades como: percursos com obstáculos e outros);
- Fazer mais do que uma atividade em simultâneo (exercícios que incluam 2 atividades ao mesmo tempo, por exemplo, manter a velocidade a andar enquanto conta para trás, mantém uma conversa, carrega um saco de compras ou outros);
- Treino de força (focado no fortalecimento das pernas e dos músculos importantes para o equilíbrio);
- Controlar o medo de queda (se tem receio de cair deve alertar o Fisioterapeuta; desta forma o Fisioterapeuta ajudá-lo-á a perceber se os seus medos são ou não infundados e/ou que atividades deverão ser feitas para melhorar a força e ajudar o equilíbrio);
- Avaliação das condições de segurança em casa (retirar tapetes/carpetes onde possa tropeçar, ter o espaço mais aberto e outros) (Gillespie et al., 2015; Kim et al., 2017; El-Khoury et al., 2015; Barban et al., 2017; APTA, 2017; Sherrington et al., 2008; Studenski et al., 2011).

Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados



Prevenção de quedas - alguns conselhos


Referências:
Gillespie, LD., Robertson, MC., Gillespie, WJ., Sherrington, C., Gates, S. et al. (2015) Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 9. 1- 299.

El-Khoury, F., Cassou, B., Latouche, A., Aegerter, P. et al. (2015) Effectiveness of two year balance training programme on prevention of fall induced injuries in at risk women aged 75-85 living in community: Ossébo randomised controlled trial. BMJ. 351:h3830.

Barban, F., Annicchiarico, R., Melideo, M., Federici, A. (2017) Reducing Fall Risk with Combined Motor and Cognitive Training in Elderly Fallers. Brain Sci. 1-14.
Kim, K., Jung, HK., Kim, C., Kim, S. et al. (2017) Evidence-based guidelines for fall prevention in Korea. Korean J Intern Med.32:199-210.

Sherrington, C., Tiedemann, A., Fairhall, N., Close, J., Lord, S. (2011) Exercise to prevent falls in older adults: an updated meta-analysis and best practice recommendations. NSW Public Health Bulletin. Vol. 22(3–4).

Hill, AM., Etherton-Beer, C., McPhail, SM., Morris, ME. (2017) Reducing falls after hospital discharge: a protocol for a randomised controlled trial evaluating an individualised multimodal falls education programme for older adults. BMJ. 1-9.

Studenski, S., Perera, S., Patel, K., et al. (2011) Gait speed and survival in older adults. JAMA. 305:50–58.

Sherrington, C., Whitney, JC., Lord, SR., et al. (2008) Effective exercise for the prevention of falls: a systematic review and meta-analysis. J Am Geriatr Soc. 56:2234–2243.

Lord, SR., Smith, ST., Menant, JC. (2010) Vision and falls in older people: risk factors and intervention strategies. Clin Geriatr Med. 26:569–581.

Granacher, U., Gollhofer, A., Hortoba´gyi, T., Kressig, R. et al. (2013) The Importance of Trunk Muscle Strength for Balance, Functional Performance, and Fall Prevention in Seniors: A Systematic Review. Sports Med. 43:627–641.

quarta-feira, 22 de março de 2017


Tendinopatia do Bicípite – O que é? 

O músculo Bicípite Braquial é formado por 2 partes: a Longa Porção e a Curta Porção. Em casos de Tendinopatia do Bicípite, a Longa Porção é a mais afetada. Este músculo tem origem na escápula, descendendo ao longo do braço para se inserir no rádio; a Longa Porção do Bicípite faz parte da cápsula articular do ombro, que é envolvida por numerosas estruturas, incluindo a coifa dos rotadores (Churgay, 2009; APTA, 2017).

Bicípite - Anatomia

A Tendinopatia do Bicípite ocorre quando forças excessivas e anormais são aplicadas ao longo do tendão; estas forças podem incluir: tensão, compressão ou fricção. Alguns fatores que poderão contribuir para esta condição são:
- A realização de atividades repetitivas, com as mãos, acima da cabeça;
- A fraqueza dos músculos da coifa dos rotadores e do tronco superior;
- O encurtamento a nível da articulação e músculos do ombro;
- A fraca noção de mecânica corporal (isto é, noção de como controlar o corpo aquando do movimento);
- O aumento abrupto na rotina de exercício;
- As alterações corporais relacionadas com a idade;
- Outros.
Atualmente, estudos demonstram que a dor, nestes casos, estará mais associada a processos degenerativos dos tecidos do que propriamente à inflamação (Streit et al., 2015; Mellano et al., 2017; APTA, 2017).



Tendinopatia do Bicípite – Quais os Sintomas?

Pacientes com Tendinopatia do Bicípite geralmente referem:
- Dor na região anterior do ombro que poderá irradiar para o pescoço ou mesmo para a mão;
- Dor nos movimentos acima da cabeça (atirar ou levantar objetos pode exacerbar a dor);
- Dor à noite especialmente quando dormem sobre o lado afetado;
- Fraqueza dos músculos do ombro (sobretudo quando levantam ou carregam objetos acima da cabeça);
- Sensação de instabilidade na região anterior do ombro quando realizam movimentos (Churgay, 2009; Mellano et al., 2017; APTA, 2017).

Tendinopatia do  Bicípite - Região de dor



Tendinopatia do Bicípite – Que Intervenção?

O plano de intervenção, nestes casos, poderá incluir:
- Terapia manual (utilizando, por exemplo, técnicas de mobilização, alongamento e fortalecimento muscular);
- Controlo de dor (utilizando frio/quente para aliviar a dor);
- Exercícios de alongamento (para a escápula, coifa dos rotadores e cápsula posterior para ganhar amplitude de movimento normal sem dor e rigidez; também poderão ser acrescentados exercícios de alongamento para os hamstrings e região lombar);
- Fortalecimento muscular (os músculos do tronco superior e do ombro trabalham em conjunto para permitir um movimento coordenado do membro superior; como a articulação do ombro é muito móvel torna-se fundamental que todos os músculos em redor trabalhem eficientemente de forma evitar stress desnecessário na articulação);
- Treino funcional (movimento impróprios podem, ao longo do tempo, causar dor; o Fisioterapeuta detetará e corrigirá movimentos incorretos de forma manter o ombro sem dor) (Churgay, 2009; APTA, 2017).

Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados pelo Fisioterapeuta




Tendinopatia do Bicípite – Pode ser prevenida?

Algumas dicas para prevenir esta condição poderão ser:
- Evitar atividades repetitivas realizadas acima da cabeça que possam provocar dor no ombro. Caso não tenha alternativa certifique-se de que deixa tempo suficiente para descansar o ombro;
- Verificar a sua postura (o ombro, pescoço e costas estão em risco de lesão quando mantidos numa posição impropria por longos períodos de tempo);
- Evitar levantar ou transportar objetos pesados longe do corpo. Mantenha os objetos perto do corpo e use, quando possível, as 2 mãos.
- Realizar exercícios de fortalecimento para os músculos da coifa dos rotadores regularmente;



- Consultar o Fisioterapeuta se os sintomas estiverem a piorar apesar do descanso (APTA, 2017).

Exemplos de medidas de prevenção





Referências:
Streit, J., Shishani, Y., Rodgers, M., Gobezie, R. (2015) Tendinopathy of the long head of the biceps tendon: histopathologic analysis of the extra-articular biceps tendon and tenosynovium. Journal of Sports Medicine. 6. 63-70.

Churgay, C. (2009). Diagnosis and Treatment of Biceps Tendinitis and Tendinosis. American Family Physician. 80:5. 470-475.

Madison (2014). Rehabilitation Guidelines for Biceps Tenodesis. Science Drive. 621-671.

Mellano, C., Verma, N., Shin, J. Decision Support in Medicine. J Am Acad Orthop Surg. http://www.mdedge.com/amjorthopedics/dsm/12093/shoulder-elbow/long-head-biceps-tendon-disorders-tendinopathy-and-proximal. 14/03/2017. 16h00.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Fraturas de Stress do Membro Inferior (MI) – O que são?

As fraturas de stress são pequenas microfraturas que ocorrem no osso. Estão, geralmente, relacionadas com atividades repetitivas que implicam impacto ósseo; estes impactos provocam alterações no processo de remodelação óssea (APTA, 2017; Patel et al., 2010).

Como fatores intrínsecos, relacionados com fraturas de stress, temos: pé cavo, discrepâncias no comprimento dos membros inferiores, osteopenia/osteoporose, pobre aporte sanguíneo à região e níveis hormonais anormais. Quanto a fatores extrínsecos temos: tipo de atividade, regime de treino excessivo, calçado desadequado, técnica inapropriada, tipo de superfície de treino e privação de sono (Mayer et al., 2013).

As regiões, do pé e tornozelo, que apresentam maior risco de fratura de stress são: maléolo medial (tíbia), tálus, navicular, base do 5º metatarso e osso sesamoide (Mayer et al., 2013).

Ossos do pé e tornozelo 



Fraturas de Stress do MI – Quais os sintomas?

As fraturas de stress são caraterizadas por uma dor aguda num ponto ósseo específico. Nestes casos, o indivíduo poderá experienciar dor durante e após a atividade (andar, correr, saltar) e inchaço sem hematoma na região (APTA, 2017; Patel et al., 2010).

Fraturas de Stress



Fraturas de Stress do MI – Que intervenção?

Dependendo da lesão, o tempo de recuperação para fraturas de stress pode variar de 4 a 12 semanas. O tratamento deverá ser iniciado assim que se suspeita de lesão; inicialmente deverá incluir redução da atividade para níveis sem dor (APTA, 2017; Patel et al., 2010).

Há medida que recupera, o Fisioterapeuta recomendará um plano de intervenção adequado, seguro e efetivo e que poderá incluir: exercícios para melhorar a amplitude de movimento (uma vez que estes poderão estar afetados pelo tempo que esteve mais imóvel), exercícios de fortalecimento (pois inatividade a curto prazo enfraquece os músculos das pernas), exercícios para treinar o equilíbrio (exercícios que ajudam os músculos a “aprenderem” a responder a situações como superfícies instáveis/desiguais, quando for possível realizar os exercícios com o peso sobre o membro inferior afetado) e treino funcional (isto é, quando for capaz de andar sem dor o Fisioterapeuta poderá começar a introduzir no plano de tratamento atividades preparatórias - por exemplo, o saltitar, jogging leve – para que o paciente volte às atividades antes da lesão) (APTA, 2017; Patel et al., 2010).

Exemplos de Exercícios que poderão ser recomendados 



Fraturas de Stress do MI – Pode ser prevenida?

Não existem métodos garantidos para a prevenção desta lesão. Existem no entanto fatores de risco associados a esta condição como: o consumo de mais de 10 bebidas alcoólicas por semana, a realização de atividade física excessiva com períodos de descanso insuficientes, a tríada da atleta feminina (amenorreia, osteoporose e distúrbios alimentares), ser do sexo feminino, apresentar baixos níveis de vitamina D, fumar, aumentar subitamente a atividade física e correr mais de 40 kms por semana. Desta forma, a prevenção focar-se-á na modificação deste fatores de risco através, por exemplo, da modificação da atividade, assegurando descanso adequado entre treinos, tomar suplementos alimentares de cálcio e vitamina D, ponderar a utilização de sapatos que absorvam o choque e outros (APTA, 2017; Patel et al., 2010).

Métodos de prevenção



Referências:
Brewer, R., Gregory, A. (2012) Chronic lower leg pain in athletes: a guide for the differential diagnosis, evaluation, and treatment. Sports Health. 4(2):121-127. 

Patel, S., Roth, M., Kapil, N. (2011) Stress fractures: diagnosis, treatment, and prevention. Am Fam Physician. 83(1):39-46. 

Reinking, M., Austin, T., Bennett, J., Hayes, A., Mitchell, W. (2015). Lower extremity overuse bone injury risk factors in collegiate athletes: a pilot study. The International Journal of Sports Physical Therapy. 10(2):155 – 167.

Mayer, S., Joyner, P., Almekinders, L., Parekh, S. (2013). Stress Fractures of the Foot and Ankle in Athletes. Sports Health. 6(6): 481-491.

APTA. http://www.moveforwardpt.com/symptomsconditionsdetail. 6/03/2017. 16:00.