Bem- estar e Movimento

Bem- estar e Movimento

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017


Entorse do Tornozelo - O que é?

Uma entorse é uma lesão ao nível dos ligamentos (as estruturas que mantêm as articulações juntas). A entorse do tornozelo ocorre quando o pé se torce ou roda para lá da sua amplitude de movimento, levando a que os ligamentos, que ligam os ossos da perna, tornozelo e pé se estirem demasiado ou rompam (APTA, 2017; van Ochten et al., 2015; Hung, 2015). 

Entorse do Tornozelo - mecanismo de lesão

Todos os anos aproximadamente 600 000 pessoas experienciam uma entorse do tornozelo. Atletas jovens e qualquer pessoa que frequentemente corra, salte ou mude rapidamente de direção são quem apresenta um risco mais elevado para sofrer esta lesão (van Ochten et al., 2015).

Estima-se que 73% das pessoas que já torceram uma vez o pé estão mais predispostas a fazê-lo novamente. A ocorrência de uma lesão de repetição é mais habitual nos casos em que a força muscular e o equilíbrio/controlo neuromuscular não foram totalmente restaurados (Hung, 2015).



Entorse do Tornozelo - Quais os sintomas?

Após a entorse pode experienciar alguns sintomas como: dor, inchaço, incapacidade para estar ou andar sobre o pé afetado, rigidez, fraqueza ou instabilidade (APTA, 2017).

Entorse do Tornozelo - diferentes níveis de gravidade (exemplos)

Uma entorse ligeira sara, geralmente, entre 2 semanas a 2 meses enquanto que uma entorse grave pode levar entre 9 a 12 meses. (APTA, 2017; van Ochten et al., 2015; Hung, 2015).



Entorse do Tornozelo – Que intervenção?

O Fisioterapeuta pode ajudar as pessoas a recuperar mais rapidamente de uma entorse do tornozelo. Durante as primeiras 24 a 48 horas, após o diagnóstico, o indivíduo deve: repousar a região evitando qualquer atividade que provoque dor, colocar gelo 15 a 20 minutos de 2 em 2 horas, elevar o tornozelo em relação ao resto do corpo (quando em repouso) e realizar uma compressão da região (utilizando, por exemplo, uma ligadura). Pode ainda, andar sobre o pé afetado (sem piorar a dor ou inchaço) e/ou usar canadianas para ajudar a aliviar a dor assim como ajudar o equilíbrio. Tudo isto vai permitir que o indivíduo seja o mais ativo possível, com o mínimo de dor e, ajudar os tecidos a cicatrizarem mais rapidamente (APTA, 2017; van Ochten et al., 2015; Hung, 2015; Sefton et al., 2011). 

Exemplo de uma ligadura executada por um Fisioterapeuta e adequada em casos de entorse


Os objetivos de intervenção do Fisioterapeuta são: reduzir a dor e inchaço (utilizando exercícios específicos, drenagem linfática, gelo, entre outros), melhorar a amplitude de movimento articular (progredindo de exercícios de mobilização passiva para ativa), melhorar a flexibilidade (ao nível dos músculos do pé, tornozelo e perna), melhorar a força muscular, aumentar a resistência (através do uso da bicicleta, treadmill ou outros), melhorar o equilíbrio/controlo neuromuscular (APTA, 2017; van Ochten et al., 2015; Hung, 2015; Sefton et al., 2011).
 
Exemplos de exercícios recomendados, pelo Fisioterapeuta, em casos de entorse: A. Alongamento muscular (ativo); B. Alongamento muscular (passivo); C. Exercícios de fortalecimento resistidos pelo Fisioterapeuta; D. Exercícios de equilíbrio/controlo neuromuscular



Entorse do Tornozelo – Pode ser prevenida?

O Fisioterapeuta poderá recomendar um programa de exercícios que ajude a prevenir uma entorse do tornozelo. Este deve incluir exercícios que desenvolvam a força, flexibilidade e equilíbrio/controlo neuromuscular (Sefton et al., 2011; APTA, 2017).

Se alguma vez torceu o tornozelo e os ligamentos não sararam corretamente ou a força muscular nunca voltou aos valores normais, tem um maior risco de voltar a ter uma lesão. Outros fatores que podem aumentar o risco para esta lesão são: o peso corporal, o género feminino, a fraqueza muscular, problemas de equilíbrio ou problemas ao nível do pé/tornozelo (APTA, 2017).

Algumas recomendações para prevenção: realizar um bom aquecimento pré atividade física, usar calçado adequado, manter um peso corporal saudável, realizar exercícios de equilíbrio/controlo neuromuscular e fortalecimento específicos, entre outros (Sefton et al., 2011; van Ochten et al., 2015; APTA, 2017).

Exemplo de um exercício de equilíbrio/controlo neuromuscular

Referências
Hung, Y (2015). Neuromuscular control and rehabilitation of the unstable ankle. World J Orthop. 6(5):434–438.

McCriskin, B., Cameron, K., Orr, J., Waterman, B. (2015) Management and prevention of acute and chronic lateral ankle instability in athletic patient populations. World J Orthop. 6(2):161–171

van Ochten, J., van Middelkoop, M., Meuffels, D., Bierma-Zeinstra, S. (2010) Chronic complaints after ankle sprains: a systematic review on effectiveness of treatments. J Orthop Sports Phys Ther. 44;(11):862–871 

Sefton, J., Yarar C., Hicks-Little, C., Berry J., Cordova, M. (2011) Six weeks of balance training improves sensorimotor function in individuals with chronic ankle instability. J Orthop Sports Phys Ther. 41(2):81–89

Mattacola, C.,  Dwyer, M. (2002). Rehabilitation of the Ankle After Acute Sprain or Chronic Instability. Journal of Athletic Training. 37(4):413–429