Bem- estar e Movimento

Bem- estar e Movimento

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Fasceíte Plantar – O que é?

Fasceíte Plantar é a causa mais comum de dor na região do calcanhar e afeta, aproximadamente, 10% da População Mundial no seu percurso de vida. No entanto, a forma como esta doença afeta as células não é completamente compreendidaAtualmente, pensa-se que, esta patologia, seja secundária a pequenas ruturas da fáscia plantar, necrose de colagénio e outros, do que propriamente devido a um processo inflamatório (Lim et al., 2016; Fraser et al., 2017). 

fáscia plantar é uma banda espessa de tecido que conecta o calcanhar aos dedos e que dá suporte ao arco do pé (Assad et al., 2016; APTA, 2017).

Fáscia Plantar - Anatomia

Fatores de risco, individuais, para o desenvolvimento desta patologia incluem: obesidade, pé plano, pé cavo, diminuição da amplitude no movimento de dorsiflexão e encurtamento dos músculos da perna. Fatores de risco, externos, e relativos ao ambiente e treino, incluem: correr em superfícies duras, andar descalço, aumento súbito no volume/intensidade da corrida e andar/permanecer de pé por longos períodos (Lim et al., 2016; Assad et al., 2016; Cole et al., 2005).

Fatores de risco: A. Pé cavo; B. Pé plano; C. Movimento dorsiflexão



Fasceíte Plantar – Quais os sintomas?

Indivíduos com Fasceíte Plantar apresentam dor, intensa, quando dão os primeiros passos, de manhã, após o acordar. A dor poderá melhorar após um curto período de tempo a andar contudo, esta retorna em atividades que requeiram suporte de peso (como: estar de pé, andar ou correr) durante longos períodos de tempo. Poderão, ainda sentir que a dor piora, quando se levantam, após longos períodos de descanso/sentados em frente à secretária (Lim et al., 2016; Fraser et al., 2017; Cole et al., 2005; APTA, 2017).

Fasceíte Plantar - Região de dor



Fasceíte Plantar – Que intervenção?

Após o diagnóstico de Fasceíte Plantar, o Fisioterapeuta irá desenvolver um programa que diminua os sintomas do paciente. Este plano poderá incluirterapia manual (exercícios de alongamento dos músculos tornozelo, perna e fáscia plantar, massagem com gelo, mobilização articular e outros), aplicação de geloaconselhamento sobre modificação de atividades, isto é, numa fase inicial, todas as atividades que impliquem suporte de peso/impacto repetitivo (como correr) devem ser evitadas; atividades como ciclismo, natação ou remo podem ser realizadas (para manter a capacidade cardiovascular); o retorno à atividade será permitido quando o paciente não apresentasintomas, durante 4 a 6 semanas, assim como, sensibilidade localizada (na região da fáscia plantar), uso de kinesiotape, por exemplo (Fraser et al, 2017; APTA, 2017; Lim et al., 2016; Cole et al., 2005).

Exemplos de exercícios recomendados: A. Alongamento da Fáscia Plantar; B. Massagem com gelo.

Estudos recentes mostram que esta condição melhora, com o tempo, com estes tratamentos conservadores. Pacientes que receberam terapia manual como parte do seu plano de intervenção realizaram menos visitas ao médico e tiveram menos custos de cuidados (Fraser et al, 2017; APTA, 2017).



Fasceíte Plantar – Pode ser prevenida?

Diretrizes para a prevenção desta patologia incluem: escolher sapatos com um bom suporte do arco plantaraplicar bons princípios no programa de exercícios individual (incluir aquecimento e aumentar a intensidade e duração dos exercícios gradualmente), alongar os músculos da perna e pé, antes e depois, de correr ou andar e manter um peso corporal saudável (APTA, 2017; Fraser et al., 2017; Lim et al., 2016; Cole et al., 2005).

Exemplos de alongamentos


Referências:

Fraser, J., Glaviano, N., Hertel, J. (2017) Utilization of Physical Therapy Intervention Among Patients With Plantar Fasciitis in the United States. J Orthop Sports Phys Ther;47(2):49-55.

Lim, A., How, C., Tan, B. (2016) Management of plantar fasciitis in the outpatient setting. Singapore Med J. 57(4): 168-171.

Assad, S., Ahmad, A., Kiani, I. et al. (2016) Novel and Conservative Approaches towards Effective Management of Plantar Fasciitis. Cureus 8(12): e913.

Cole, C., Seto, C., Gazewood, J. (2005). Plantar Fasciitis: Evidence-Based Review of Diagnosis and Therapy. American Academy of Family Physicians. 72:2237-42, 2247-8.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Tendinopatia Lateral do Cotovelo – O que é?

Existem vários termos de diagnóstico considerados “sinónimos” desta condição como, Tennis Elbow ou Epicondilite Lateral, no entanto estes termos são inapropriados devido a fatores patológicos, anatómicos e etiológicos. Assim, o termo de diagnóstico mais apropriado é Tendinopatia Lateral do Cotovelo (Stasinopoulos, 2016).


Esta condição é causado por sobreuso do tendão dos extensoresos músculos que utilizamos quando agarramos, torcemos ou agarramos objetos, com a mão, e que se inserem, no epicôndilo lateral, no cotovelo. Esta é a razão que explica o porquê do movimento da mão ou punho causar dor no cotovelo (Bisset et al., 2015; APTA, 2017).


Cotovelo - Anatomia

Tendinopatia Lateral do Cotovelo ocorre mais, comummente, em homens e mulheres entre 35 e 54 anos. Para o aparecimento desta condição podem contribuir: o uso prolongado do punho e mão, por exemplo quando se usa o computador ou maquinaria e, também, uma pega ou técnica desadequadas quando se joga ténis (Bisset et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017). 


Tendinopatia Lateral do Cotovelo – Quais os Sintomas?

Geralmente, os sintomas desenvolvem-se gradualmente, ao logo de um período de semanas ou meses, e em resultado do uso, repetido e forçado, do punho, mão e cotovelo (Bisset et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).



Os sintomas mais frequentes são: dor que irradia para o antebraço e punhodificuldade em realizar atividades que impliquem agarrar (por exemplo: rodar a maçaneta da porta, segurar uma chávena, levantar os sacos das compras e outros), “rigidez” no cotovelo e fraqueza no antebraço, punho e mão (Bisset et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).

A. Região de dor; B. Atividade que provoca dor (abrir a porta)


Tendinopatia Lateral do Cotovelo – Que intervenção?

Durante as primeiras 24 a 48h após surgir a dor, o tratamento pode incluir: repouso do braço (evitando certas atividades e modificando outras), colocação de gelo (10-20 mins) e uso de bandas elásticas ou de suporte (para retirar a pressão dos músculos afetados) (Bisset et al., 2015; Weber et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).

Uso de bandas elásticas de suporte

Após a fase aguda, o Fisioterapeuta focar-se-á em: melhorar o movimento da articulação (utilizando, por exemplo, terapia manual – massagem, mobilização articular), aumentar a força muscular (a nível dos músculos do punho e antebraço, músculos estabilizadores do tronco e ombro), ensinar a usar os músculos de forma correta (por exemplo, quando levantar o saco de compras, deverá contrair os músculos do ombro e tronco de forma a dar suporte aos músculos do braço), ajudar no retorno às atividades (por exemplo, recomendará alterações a fazer, no local de trabalho, em casa e outros, de forma a evitar a dor e nova lesão; alertará para a importância de realizar pausas para alongar os músculos da região(Bisset et al., 2015; Weber et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).

Exemplos de exercícios de mobilidade e alongamento que poderão ser prescritos

Exemplos de exercícios de mobilidade e fortalecimento que poderão ser prescritos

No caso do ténis, esta patologia resulta muitas vezes do treino excessivo. Em alguns casos, o peso da raquete ou a pega deve ser ajustado. Para outros, o problema pode ser devido à falta de capacidade física ou de força nos músculos estabilizadores do tronco e ombro (Bisset et al., 2015; Weber et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).



Tendinopatia Lateral do Cotovelo – Pode ser prevenida?

Sim, pode ser prevenida através da manutenção de uma boa forma física, da utilização de uma técnica adequada no desporto de eleição e no trabalho, da utilização de equipamento que seja ajustado e apropriado ao tipo de corpo e nível de atividade (Bisset et al., 2015; Weber et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).

Gestos técnicos adequados no ténis (forehand ou direita e backhand ou esquerda)

Em casos de Tendinopatia Lateral do Cotovelo, e caso a força muscular e a mobilidade articular não tenham sido completamente restaurados, o indivíduo, poderá apresentar um maior risco de voltar a ter esta lesão (Bisset et al., 2015; Weber et al., 2015; Stasinopoulos, 2016; APTA, 2017).



Referências
Weber, C., Thai, V., Neuheuser, K. et al. (2015) Efficacy of physical therapy for the treatment of lateral epicondylitis: a meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord. 16(1):223.

Stasinopoulos, D. (2016) Lateral elbow tendinopathy: Evidence of physiotherapy Management. World J Orthop. 7(8): 463-466.

Bisset, L., Vicenzino, B. (2015) Physiotherapy management of lateral epicondylalgia. Journal of Physiotherapy. 61:174–181.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Síndrome do Túnel Cárpico – O que é?

Síndrome do Túnel Cárpico representa a neuropatia de compressão mais comum, na população adulta, com uma prevalência que varia de 2.7 a 5.8% (LeBlanc et al., 2011).

uso repetitivo das mãos e dedos, assim como a obesidade, a gravidez, a artrite, o hipotiroidismo e a Diabetes Mellitus podem, em alguns indivíduos, contribuir para o desenvolvimento desta condição (LeBlanc et al., 2011; APTA, 2017).

Existe um canal estreito no punho, no lado da palma da mão, denominado de túnel cárpico. Este túnel protege o nervo mediano e os tendões dos músculos flexores dos dedos (músculos que dobram os dedos). Pressão no nervo pode causar dor e fraqueza no punho e mão e, ainda dormência em alguns dos dedos. Assim, a Síndrome do Túnel Cárpico é uma condição patológica onde existe compressão do nervo mediano, no túnel cárpico, no punho (Sang-Dol, 2015; Yi-Ming et al., 2016; APTA, 2017).


Túnel cárpico - anatomia


Síndrome do Túnel Cárpico – Quais os sintomas?

A Síndrome do Túnel Cárpico normalmente inicia-se gradualmente, com sintomas como dormências, adormecimento, “pins and needles” na palma da mão e dedos. Geralmente os sintomas são mais notórios durante a noite, podendo o indivíduo notar que acorda, a meio da noite, devido à sintomatologia. Muitas pessoas podem sentir a necessidade de “abanar” a mão para tentar aliviar os sintomas. Conforme esta condição progride os sintomas surgem durante o dia e agravam quando se agarram/seguram objetos. O indivíduo poderá notar que deixa cair objetos sem querer e sentir fraqueza no agarrar (LeBlanc et al., 2011; APTA, 2017). 


Sintomas - padrão provável

Síndrome do Túnel Cárpico – Que Intervenção?

Após a avaliação, o Fisioterapeuta irá prescrever um plano de tratamento baseado no caso específico de cada indivíduo. Se se confirmar um estado inicial da Síndrome do Túnel Cárpico, o tratamento conservador será recomendado. Dependendo das causas que possam contribuir para esta condição o plano poderá incluireducação sobre alteração das posições do punho (por exemplo, evitar posições em que o punho esteja muito tempo dobrado), manutenção de uma postura adequada do pescoço e tronco superiorrealização de “pausas para alongamento” durante o dia de trabalhorealização de exercícios para aumentar a força dos músculos da mão, dedos e antebraço (em alguns casos, acrescentam-se ainda, exercícios para o tronco); realização de exercícios de alongamento (punho, mão e dedos); terapia manual (exercícios de mobilização nervosa e outros); utilização de gelo/calor para aliviar a dor; utilização de uma ortótese durante a noite; o Fisioterapeuta poderá, ainda, recomendar a utilização de luvas para manter as mãos/punho quentes e a limitação de desportos que agravem a condição (por exemplo, raquetes) até que os sintomas se resolvam (Yi-Ming et al., 2016; APTA, 2017; Jiménez del Barrio et al., 2016; Bove et al., 2016; D’Angelo et al., 2015; Sang-Dol, 2015; Won-gyu, 2015; LeBlanc et al., 2011).


Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados

Os objetivos da Fisioterapia são a redução da sintomatologia, sem a necessidade de realização de cirurgia, de forma a permitir que o individuo seja o mais ativo e funcional possível.









Caso esta Síndrome esteja numa fase mais avançada, ou caso os sintomas persistam, poderá haver a necessidade de realização de cirurgiaApós a intervenção cirúrgica, a Fisioterapia será importante para ajudar a restaurar a força a nível dos músculos do punho e para aprender e modificar hábitos que levaram aos sintomas. O plano poderá incluir: exercícios para aumentar a força e função dos músculos do punho/mãoalongamentos para melhorar a mobilidade do punho/dedos; tratamento da cicatriz (importante que exista uma boa mobilidade e flexibilidade a este nível); educação acerca da importância da manutenção de uma postura e posição corretas do punho de forma a evitar esta síndrome em casa/atividades de lazer (Yi-Ming et al., 2016; APTA, 2017; Jiménez del Barrio et al., 2016; Bove et al., 2016; D’Angelo et al., 2015; Sang-Dol, 2015; Won-gyu, 2015; LeBlanc et al., 2011).


Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados


Síndrome do Túnel Cárpico – Pode ser prevenida?

Não existem estratégias cientificamente comprovadas para a prevenção desta condição no entanto existem formas de minimizar o stress provocado nas mãos e punhos. Algumas estratégias a adotar poderão serreduzir a força (muitas pessoas usam uma força excessiva quando trabalham utilizando as mãos); realizar pausas frequentes (quando realiza atividades repetitivas, faça pausas para alongar); manter a posição neutra do punho (evitar dobrar o punho); manter as mãos quentes (terá mais probabilidade de desenvolver dor e rigidez se trabalhar num local frio); manter-se saudável; melhorar a postura (ter em atenção se a postura é adequada à atividade que está a realizar de forma a evitar posicionamentos impróprios do punho e mãos).

Exemplos de posicionamento "correto" e "incorreto" do punho utilizando o rato do computador.


Referências:
LeBlanc, K., Cestia, W. (2011) Carpal Tunnel SyndromeAmerican Family Physician. 83:8. 952-958.

Yi-Ming, R., Xi-Shan, W., Zhi-Jian, W., Bao-You, F., Wei, L. (2016) Efficacy, safety, and cost of surgical versus nonsurgical treatment for carpal tunnel syndrome - A systematic review and meta-analysis. 95:40.

Won-gyu, Y. (2015) Effect of the release exercise and exercise position in a patient with carpal tunnel syndrome. J. Phys. Ther. Sci. 27: 3345–3346.

Sang-Dol, K. (2015) Efficacy of tendon and nerve gliding exercises for carpal tunnel syndrome: a systematic review of randomized controlled trials. J. Phys. Ther. Sci. 27: 2645–2648.

Yucel, H. (2015) Factors affecting symptoms and functionality of patients with carpal tunnel syndrome: a retrospective study. J. Phys. Ther. Sci. 27: 1097–1101.

Bove, G., Harris, M., Zhao, H., Barbe, M. (2016) Manual therapy as an effective treatment for fibrosis in a rat model of upper extremity overuse injuryJ Neurol Sci .361: 168–180.

Jiménez del Barrio, S., et al. (2016) Tratamiento conservador en pacientes con síndrome del túnel carpiano con intensidad leve o moderadaRevisión sistemática. Neurología.

D’Angelo, K., Sutton, D., Dion, S., Wong, J. et al. (2015) The effectiveness of passive physical Modalities for the management of soft tissue injuries and neuropathies of the wrist and hand: a systematic review by the ontario protocol for traffic injury management (optima) collaboration. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 38:7. 495-505.


APTA (2017). http://www.moveforwardpt.com/SymptomsConditions. 08/05/2018. 16h00.