Bem- estar e Movimento

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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Síndrome de Stress Tibial Medial (“Canelite”) – O que é?

A “Canelite” desenvolve-se quando é aplicado stress, excessivo e repetido, a nível da tíbia (principal osso da canela). Esta condição causa dor na parte interna (de dentro) da canela (Kudo et al., 2015; Schulze et al., 2014; Moen et al., 2012; Craig, 2008; Galbraith et al., 2009; APTA, 2017).

Figura 1 - Anatomia da perna

Afeta entre 4 a 35% dos atletas, que correm ou saltam, e da população militar. Alguns fatores de risco para o desenvolvimento desta condição incluem:
- Tipo de desporto (desportos com corrida e salto);
- Superfície de treino;
- Volume de treino;
- Sapatos;

- Aplanamento do arco do pé e alteração padrão de marcha (Kudo et al., 2015; Galbraith et al., 2009; Craig, 2008; APTA, 2017).


Figura 2 - Fatores de risco (exemplos)





Síndrome de Stress Tibial Medial (“Canelite”) – Quais os sintomas?

Em casos de “Canelite” o indivíduo poderá experienciar:
- Dor na região média ou último terço da região interna da canela;
- Dor à palpação;
- Dor durante ou após o exercício (Schulze et al., 2014; Craig, 2008; APTA, 2017). 

Figura 3 - Regiões de dor




Síndrome de Stress Tibial Medial (“Canelite”) – Que Intervenção?

Após avaliação o plano de intervenção poderá incluir:
- Técnicas para alívio da dor (poderá ser recomendado, por exemplo, a cessação da atividade ou exercício que agrave a condição, aplicação de gelo, exercícios suaves de flexibilidade, massagem, mobilização articular e outros);
- Exercícios de fortalecimento muscular a nível da anca (para diminuir stress a nível do membro inferior) e da canela (para diminuir o aplanamento do pé);
- Exercícios de alongamento (para tornozelo e pé);
- Modificação das técnicas de saltar e de corrida;
- Alteração para um calçado que proporcione um maior suporte do pé e absorção do choque (Kudo et al., 2015; Schulze et al., 2014; Moen et al., 2012; Craig, 2008; Galbraith et al., 2009; APTA, 2017).



Figura 4 - Exemplos de exercícios que poderão ser recomendados.




Síndrome de Stress Tibial Medial (“Canelite”) – Pode ser Prevenida?

A evidência disponível no que diz respeito à prevenção desta condição é limitada e inconclusiva. Apesar disso alguns métodos mostram-se promissores:
- Uso de palmilhas que absorvam o choque;
- Corrigir erros de treino, da técnica e alterações de alinhamento;
- Realizar alongamentos antes e após o exercício;
- Realizar exercícios de fortalecimento e endurance para o pé, anca e músculos pélvicos (Galbraith et al., 2009; Craig, 2008; APTA, 2017).


Figura 5 - Alinhamento corporal durante a acorrida



Referências:
Moen, M.H., Holtslag, L., Bakker, E., et al. (2012). The treatment of medial tibial stress syndrome in athletes: a randomized clinical trial. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 4:12.

Schulze, C., Finze, S., Bader, R., Lison, A. (2014). Treatment of Medial Tibial Stress Syndrome according to the Fascial Distortion Model: A Prospective Case Control Study. Scientific World Journal. 2014. 6.

Craig, D.I. (2008) Medial Tibial Stress Syndrome: Evidence-Based PreventionJournal of Athletic Training. 43(3):316–318.

Luedke, L.E., Heiderscheit, B.C., Williams, D.S.B., Rauh, M.J. (2015) Association of isometric strength of hip and knee muscles with injury risk in high school cross country runners. The International Journal of Sports Physical Therapy. 10(6) 868- 876.

Galbraith, R.M., Lavallee, M.E. (2009) Medial tibial stress syndrome: conservative treatment options. Curr Rev Musculoskelet Med. 2:127–133.

Kudo, S., Hatanaka, Y. (2015). Forefoot flexibility and medial tibial stress syndrome. Journal of Orthopaedic Surgery. 23(3):357-60.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Síndrome do Desfiladeiro Torácico – O que é?

A Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT) resulta da compressão de estruturas neurovasculares, nas regiões do pescoço e axila, chamadas de desfiladeiro torácico. Existem 3 locais de possível compressão: o 1º - triângulo interescalénico (entre músculos escalenos anterior, médio e 1ª costela), o 2º - espaço costoclavicular (entre 1ª costela e clavícula) e, o 3º - túnel sub-coracóide (inferior ao processo coracoide e profundamente em relação ao tendão do músculo peitoral menor). As estruturas envolvidas, em casos de SDT, incluem o plexo braquial, a artéria subclávia e/ou a veia subclávia (Wakefield, 2014; Sanders et al., 2017; Chandra et al., 2014; APTA, 2017).

Figura 1- Anatomia Desfiladeiro Torácico

Figura 2- Anatomia Desfiladeiro Torácico


Alguns fatores de predisposição para a SDT incluem: a presença de uma costela supranumerária, má postura, posição de dormir e má respiração. Desportos que incluam movimentos repetitivos acima da cabeça poderão precipitar a SDT (Wakefield, 2014; Sanders et al., 2017; Chandra et al., 2014; APTA, 2017).



Síndrome do Desfiladeiro Torácico – Quais os sintomas?

A SDT é classificada tendo por base o tipo de estruturas comprimidas assim, os sintomas podem variar. Contudo, mais de 90% dos casos são considerados como sendo neurogénicos (compressão nervosa).

Em casos de SDT por compressão arterial poderá sentir:
- Dor na mão (raramente no ombro e pescoço);
- Frio ou intolerância ao frio;
- Adormecimento e formigueiro.

Em casos de SDT por compressão venosa poderá sentir:
- Dor no braço;
- Inchaço no braço;
- Alteração na coloração do braço (azulado);
- Sensação de braço pesado;
- Adormecimento e formigueiro nos dedos e mão.

Em casos de SDT neurogénica “verdadeira” poderá sentir:
- Dor, adormecimento e formigueiro na mão, braço, ombro e frequentemente no pescoço;
- Dores de cabeça;
- Dificuldades na manipulação;
- Intolerância ao frio;
- Mão fria e alteração da cor (Wakefield, 2014; Vanti et al., 2007; Kuwayama et al., 2017; Sanders et al., 2017; Chandra et al., 2014; APTA, 2017).

Figura 3- Desfiladeiro Torácico, possíveis áreas de dor.



Síndrome do Desfiladeiro Torácico – Que Intervenção?

 Em casos de SDT o plano de intervenção poderá incluir:
- Terapia Manual (técnicas de mobilização articular: clavícula, 1ª costela, mobilização nervosa e outros);
- Exercícios de fortalecimento e alongamento (ensino de exercícios que permitirão melhorar o movimento na área afetada);
- Educação (ensino de estratégias para minimizar os sintomas e colocar menos “stress” sobre as estruturas envolvidas na SDT).
A utilização destas técnicas permitirá aliviar o desconforto que o indivíduo sente e melhorar a sua capacidade para realizar as atividades diárias (Wakefield, 2014; Vanti et al., 2007; Kuwayama et al., 2017; Sanders et al., 2017; Chandra et al., 2014; Hooper et al., 2010; APTA, 2017).

Figura 4- Desfiladeiro Torácico, exemplos de exercícios que poderão ser recomendados.



Síndrome do Desfiladeiro Torácico – Pode ser prevenida?

Alguns casos de SDT não podem ser prevenidos, por exemplo, em casos de variações anatómicas, condições congénitas e outros. Compreender os fatores de risco que poderão tornar o indivíduo mais propenso a desenvolver esta condição poderá ser o primeiro passo na sua prevenção (Vanti et al., 2007; Hooper et al., 2010; APTA, 2017).


Referências:
Kuwayama, D.P., Lund, J.R., Brantigan, C.O., Glebova, N.O. (2017) Choosing Surgery for Neurogenic TOS: The Roles of
Physical Exam, Physical Therapy, and Imaging. Diagnostics. 7(37): 13.

Chandra, V., Little, C., Lee, J.T. (2014) Thoracic outlet syndrome in high-performance athletes. Journal of vascular surgery. 60(4): 1012-1018. 
Wakefield, M.L. (2014) Case Report: The Effects of Massage Therapy on a Woman with Thoracic Outlet Syndrome. International Journal of Therapeutic Massage and Bodywork. 7(4):7-14.

Freischlag, J., Orion, K. (2014) Understanding Thoracic Outlet Syndrome. Scientifica. 6.

Sanders, R.J., Annest, S.J. (2017) Pectoralis Minor Syndrome: Subclavicular Brachial Plexus Compression. Diagnostics. 7(46):12.

Hooper, T.L, Denton, J., McGalliard, M.K., Brismée, J.M., Sizer, P.S. Jr. (2010) Thoracic outlet syndrome: a controversial clinical condition; part 1: anatomy and clinical examination/diagnosis. J Man Manip Ther. 18(2):74–83. 

Hooper, T.L, Denton, J., McGalliard, M.K., Brismée, J.M., Sizer, P.S. Jr. (2010) Thoracic outlet syndrome: a controversial clinical condition; part 2: non-surgical and surgical management. J Man Manip Ther. 18z(3):132–138. 

Vanti, C., Natalini, L., Romeo, A., Tosarelli, D., Pillastrini, P. (2007) Conservative treatment of thoracic outlet syndrome: a review of the literature. Eura Medicophys. 43(1):55–70.