Bem- estar e Movimento

Bem- estar e Movimento

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Torcicolo – O que é?


O torcicolo é uma condição que ocorre quando o músculo esternocleidomastoideu fica tenso, enfraquecido e/ou encurtado. Isto provoca uma inclinação da cabeça; a cabeça inclina para um lado e roda para o lado oposto.

Imagem 1 - Músculo Esternocleidomastoideu

Existem 5 formas de torcicolo:

- Torcicolo Muscular Congénito, o mais comum. Afeta bebés e é geralmente diagnosticado até aos 2 meses de vida. Algumas causas para o seu desenvolvimento poderão ser: trauma durante o parto ou dormir/permanecer na mesma posição por um período prolongado de tempo.

- Torcicolo Postural: diagnosticado quando a inclinação da cabeça, do bebé, tanto está presente como não. É diagnosticado durante os primeiros 5 meses de vida.

- Torcicolo ocular: é causado por problemas de visão, num olho, o que faz com que o indivíduo incline a cabeça para ver melhor.

- Torcicolo espasmódico: ocorre em crianças e adultos. Pode ser causado por inflamação, infeção, trauma ou ser o efeito de certos medicamentos e/ou drogas (Cocaína, anfetaminas e outros).

- Torcicolo agudo: ocorre quando a criança ou adulto “dobram” ou rodam demasiado o pescoço ou sofrem algum tipo de trauma. Poderá existir dor com o movimento da cabeça e existir sensibilidade à palpação do músculo.

Os torcicolos poderão trazer problemas adicionais como: aplanamento do crânio (plagiocefalia) em bebés, atrasos no desenvolvimento (motor e/ou cognitivo), escoliose, dificuldades no equilíbrio e outros (Carenzio et al., 2015; Gray et al., 2009; Junge et al., 2015; Lee et al., 2017; APTA, 2017).

Imagem 2 - Problemas que poderão associar-se a um torcicolo (plagiocefalia e escoliose), exemplos



Torcicolo – Quais os sintomas?

Um adulto, criança ou bebé poderão apresentar:
- Cabeça inclinada e/ou rodada para 1 lado do corpo;
- Dificuldade ou dor a “endireitar” o pescoço;
- Tensão no pescoço;
- Um nódulo no músculo do pescoço;
- Dor (dependendo do tipo de torcicolo) (Carenzio et al., 2015; Gray et al., 2009; APTA, 2017).


Imagem 3 - Torcicolo (exemplos)



Torcicolo – Que Intervenção?

A Fisioterapia é o primeiro tratamento aconselhado, em casos de torcicolo, independentemente da idade do paciente. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento melhores serão os resultados alcançados.

O plano de intervenção poderá incluir:
- Alongamento e Fortalecimento muscular;
- Massagem;
- Tapping;
- Programa de exercícios para realizar em casa.

O Plano de Intervenção permitirá: corrigir desequilíbrios musculares, ganhar amplitude de movimento (sem dor), melhorar o controlo postural e a simetria assim como, melhorar o alinhamento corporal (Carenzio et al., 2015; Gray et al., 2009; Junge et al., 2015; Lee et al., 2017; APTA, 2017).


Imagem 4 - Exemplos de técnicas e exercícios que poderão ser recomendados



Referências:
Gray, G., Tasso, K. (2009) Differential diagnosis of torticollis: a case report. Pediatr Phys Ther. 21:369–374. 

American Physical Therapy Association. Guide to Phyical Therapist Practice. 2nd ed. Alexandria, VA: American Physical Therapy Association; 2003:146-160.

Jung, Y., Kang, E., Lee, S., Nam, D., Cheon, J., Kim, H. (2015) Factors That Affect the Rehabilitation Duration in Patients With Congenital Muscular Torticollis. Ann Rehabil Med. 39(1):18-24.

Lee, K., Chung, E., Lee, B. (2017) A comparison of outcomes of asymmetry in infants with congenital muscular torticollis according to age upon starting treatment. J. Phys. Ther. Sci. 29: 543–547.

Carenzio, G. et al. (2015) Early rehabilitation treatment in newborns with congenital muscular torticollis. Eur J. Phys Rehabil Med. 51: 539-45.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Lesões dos Hamstrings – O que são?

Os Hamstrings são formados por 3 músculos: o músculo semitendinoso, o músculo semimembranoso e o músculo bicípite femoral. Estes músculos são responsáveis pela extensão (“esticar”) da anca e pela flexão (“dobrar”) do joelho (Ropiak et al., 2012; APTA, 2017).

Figura 1 - Hamstrings, Anatomia 

As lesões dos Hamstrings ocorrem quando é aplicada uma força excessiva a nível destes músculos. Surgem frequentemente durante a corrida (nos inícios ou paragens súbitas), nas mudanças rápidas de direção ou quando o músculo é sobrestirado (o que pode acontecer durante atividades como: o sprint ou o chutar) (Ropiak et al., 2012; APTA, 2017).

Fatores de risco para lesões a nível deste músculo incluem: história anterior de lesão a nível dos Hamstrings, desequilíbrios musculares, défice de flexibilidade, aquecimento pré-atividade inadequado e fadiga muscular (Valle et al., 2015, APTA, 2017).

As estruturas que poderão estar envolvidas nas lesões dos Hamstrings são: os músculos Hamstrings ou o seu tendão (estrutura que liga o músculo ao osso), a bursa (uma estrutura que permite limitar a fricção entre os tecidos moles e o osso) e a tuberosidade isquiática (onde se insere este músculo, no osso) que em casos raros pode fraturar-se (Ropiak et al., 2012; Askling et al., 2014; APTA, 2017).



Lesões dos Hamstrings – Quais os sintomas?

Os sintomas estão relacionados com a severidade da lesão. Lesões ligeiras geralmente sentem-se como uma cãibra; podem apenas ser notadas depois da atividade. Em lesões mais graves poderá sentir:
- Uma dor súbita, tipo “picada” na parte de trás da coxa;
- Inchaço;
- Hematoma;
- Dor/rigidez ao toque;
- Dificuldade a sentar-se confortavelmente, levantar a perna, a esticar o joelho ou a andar (Ropiak et al., 2012; APTA, 2017).


Figura 2 - Região de dor



Lesões dos Hamstrings – Que Intervenção?

Durante as primeiras 24 a 48 horas poderá ser recomendado:
- Descanso (evitando atividades que possam agravar a lesão como andar; poderá ser aconselhado o uso de canadianas)
- Aplicação de gelo (3 a 4x por dia durante 15 a 20 minutos)
- Aplicação de uma ligadura funcional que comprima a região afetada.

Após este período, a intervenção poderá incluir:
- Terapia manual (para aumentar a amplitude articular, força muscular e flexibilidade);
- Exercícios para melhorar amplitude de movimento (por exemplo: alongamento dos músculos hamstrings);
- Exercícios de fortalecimento muscular (exercícios específicos para os grupos musculares afetados, exercícios excêntricos);
- Treino funcional (à medida que recupera a força e flexibilidade será importante aprender a mover o corpo de forma a não colocar stress excessivo na região que sofreu a lesão; será desenvolvido um programa de treino funcional específico para a atividade pretendida) (Askling et al., 2013; Emami et al., 2014; Valle et al., 2015; APTA, 2017).




Figuras 3 a 7 - Exemplos de exercícios que poderão ser aconselhados



Lesões dos Hamstrings – Podem ser prevenidas?

O risco de lesão dos Hamstrings poderá diminuir através das seguintes estratégias:
- Realização de um bom aquecimento pré-atividade física;
- Precaução quando inicia uma nova atividade desportiva (ter em atenção que deverá aumentar gradualmente a frequência e intensidade da atividade de forma a que o corpo se possa adaptar);
- Execução correta da técnica desportiva;
- Realização de alongamentos;
- Descanso necessário e adequado entre treinos (Ropiak et al., 2012; Porter et al, 2015; Chumanov et al., 2010; APTA, 2017). 

Figuras 8 e 9 - Exemplos de exercícios que poderão ser aconselhados



Referências:
Ropiak, C., Bosco, J. (2012) Hamstring injuries. Bull NYU Hosp Jt Dis. 70:41-48.

Porter, T., Rushton, A. (2015) The efficacy of exercise in preventing injury in adult male football: a systematic review of randomised controlled trials. Sports Medicine. 1:4 (12).

Valle, X., Tol, J., Hamilton, B. et al. (2015) Hamstring Muscle Injuries, a Rehabilitation Protocol Purpose. Asian J Sports Med. 6(4).

Emami, M., Massoud A., Ghamkhar, L. (2014) The activity pattern of the lumbopelvic muscles during prone hip extension in athletes with and without hamstring strain injury. The International Journal of Sports Physical Therapy 9:3. 312-319.

Askling, C., Tengvar, M., Thorstensson, A. (2013) Acute hamstring injuries in Swedish elite football: a prospective randomised controlled clinical trial comparing two rehabilitation protocols. Br J Sports Med. 47:953–959.

Chumanov, E. (2010). Hamstring strain injuries: recommendations for diagnosis, rehabilitation, and injury Prevention. J Orthop Sports Phys Ther.40(2):67-81.